Quando se trata de carnaval, muita gente costuma chamar toda agremiação que passa na rua de bloco, mas no carnaval de Pernambuco Bloco é um tipo de manifestação bem específica, diferente de troças, clubes, clubes de máscaras, clubes de bonecos, bois e ursos. Surgido nos anos 20, das reuniões familiares nos bairros da Boa Vista e São José no Recife, e como extensão dos presépios e grupos de pastoril, os Blocos Carnavalescos Mistos (mistos porque homens e mulheres participavam), foram uma forma das mulheres da classe média, jovens e senhoras, participarem do carnaval sem se misturarem com a massa que acompanhava os clubes de frevo, pois o carnaval no Clube Internacional e Jóquei Clube era um privilégio apenas para a elite da época.
Assim, as mulheres saíam às ruas protegidas por um cordão e pela rigorosa vigilância dos pais, irmãos, maridos, noivos e parentes. Como acontecia nas jornadas de pastoril, nos blocos as mulheres formavam também, o coral (tradição mantida até hoje), enquanto os homens ficavam encarregados da orquestra formada por instrumentos de cordas, flautas, clarinetes e percussão. O apito anunciava o início da música, seguido pelo acorde, introdução instrumental e a parte cantada pelo coral de vozes femininas, num andamento semelhante ao pastoril e às marchas-rancho.
Um outro elemento que diferencia o Bloco Carnavalesco Lírico/Misto é o Flabelo, uma alegoria que traz o nome, símbolo e a data de fundação do bloco, seguido geralmente pela diretoria e as mulheres e homens que evoluem abrindo a multidão, por último o coro feminino e a orquestra. É comum que os blocos estabeleçam temas e as fantasias sejam inspiradas no assunto. Para se ter conhecimento, os blocos mais antigos ainda em atividade são: Flor da Lira do Recife, fundado em 1920, seguido pelo Bloco das Flores de 1921, Madeira do Rosarinho de 1926, Banhistas do Pina 1932 e Batutas de São José também de 1932. A partir dos anos 70, com a intenção de resgatar a beleza e o lirismo dos antigos carnavais, novos blocos foram fundados, o Bloco da Saudade foi o primeiro deles, criado em 1973, foi inspirado no Frevo de Bloco Valores do Passado, composto por Edgar Moraes. Foi o primeiro passo para que outros blocos surgissem, Flor da Lira de Olinda em 1975, O Bonde em 1991, Cordas e Retalhos 1998 e muitos outros blocos no Recife e na região metropolitana e no interior.
Agora que você já sabe a diferença, não saia por aí chamando tudo de bloco. 😉
Por Morgana Narjara