Os artistas pernambucanos também precisam pagar as contas!

A nossa página no facebook vem recebendo várias queixas por parte de artistas que atuaram no Carnaval 2015, fizeram apresentações vinculadas à Prefeitura do Recife e à Fundarpe e ainda não receberam os pagamentos. Sabemos que não há carnaval sem blocos, troças, clubes, maracatus, bois, ursos. E muito menos Frevo, que é o principal ritmo do nosso carnaval, Patrimônio Imaterial da Humanidade. E não há frevo sem músicos e passistas, que são pessoas com contas a pagar e fazem da sua arte um trabalho como outro qualquer. Mas parece que os órgãos públicos contratantes, ainda não compreendem isso muito bem.

Não é de hoje que nossos artistas sofrem para receber o cachê do carnaval, as gestões mudam e o problema permanece o mesmo: artistas de renome nacional abocanham grande parte da verba, enquanto os da terra recebem um pagamento vergonhoso que ainda demora meses para chegar aos bolsos dos trabalhadores e trabalhadoras da classe artística. O resultado disso são profissionais insatisfeitos, agremiações sucateadas, sem verba para manter seus desfiles e a sensação de que trabalhar valorizando a cultura pernambucana é uma via de mão única.

Por Morgana Narjara

Afinal, o que é Bloco?

Quando se trata de carnaval, muita gente costuma chamar toda agremiação que passa na rua de bloco, mas no carnaval de Pernambuco Bloco é um tipo de manifestação bem específica, diferente de troças, clubes, clubes de máscaras, clubes de bonecos, bois e ursos. Surgido nos anos 20, das reuniões familiares nos bairros da Boa Vista e São José no Recife, e como extensão dos presépios e grupos de pastoril, os Blocos Carnavalescos Mistos (mistos porque homens e mulheres participavam), foram uma forma das mulheres da classe média, jovens e senhoras, participarem do carnaval sem se misturarem com a massa que acompanhava os clubes de frevo, pois o carnaval no Clube Internacional e Jóquei Clube era um privilégio apenas para a elite da época.

Assim, as mulheres saíam às ruas protegidas por um cordão e pela rigorosa vigilância dos pais, irmãos, maridos, noivos e parentes. Como acontecia nas jornadas de pastoril, nos blocos as mulheres formavam também, o coral (tradição mantida até hoje), enquanto os homens ficavam encarregados da orquestra formada por instrumentos de cordas, flautas, clarinetes e percussão. O apito anunciava o início da música, seguido pelo acorde, introdução instrumental e a parte cantada pelo coral de vozes femininas, num andamento semelhante ao pastoril e às marchas-rancho.

Coral do Bloco O Bonde

Um outro elemento que diferencia o Bloco Carnavalesco Lírico/Misto é o Flabelo, uma alegoria que traz o nome, símbolo e a data de fundação do bloco, seguido geralmente pela diretoria e as mulheres e homens que evoluem  abrindo a multidão, por último o coro feminino e a orquestra. É comum que os blocos estabeleçam temas e as fantasias sejam inspiradas no assunto. Para se ter conhecimento, os blocos mais antigos ainda em atividade são: Flor da Lira do Recife, fundado em 1920, seguido pelo Bloco das Flores de 1921, Madeira do Rosarinho de 1926, Banhistas do Pina 1932 e Batutas de São José também de 1932. Flabelos do blocos: Madeira do Rosarinho; Banhistas do Pina e Batutas de São José.A partir dos anos 70, com a intenção de resgatar a beleza e o lirismo dos antigos carnavais, novos blocos foram fundados, o Bloco da Saudade foi o primeiro deles, criado em 1973, foi inspirado no Frevo de Bloco Valores do Passado, composto por Edgar Moraes. Foi o primeiro passo para que outros blocos surgissem, Flor da Lira de Olinda em 1975, O Bonde em 1991, Cordas e Retalhos 1998 e muitos outros blocos no Recife e na região metropolitana e no interior.

Agora que você já sabe a diferença, não saia por aí chamando tudo de bloco. 😉

Por Morgana Narjara

Diferenças entre o Frevo de Rua, Frevo Canção e Frevo de Bloco

Frevo de Rua

Você sabe a diferença entre os três tipos de Frevo? Nesta primeira publicação do nosso blog vamos esclarecer essa questão. Vamos começar pelo Frevo de Rua, é aquele totalmente instrumental com metais e percussão, onde é possível cair no passo apenas sentindo a melodia, porque não tem letra. O mais popular de todos é o Vassourinhas (Mathias da Rocha), um pernambucano que conhece o carnaval quando ouve vassourinhas se reconhece logo. Aqui vai mais um exemplo de Frevo de Rua: Cabelo de Fogo (Maestro Nunes) Com a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério.

O outro tipo é o Frevo Canção, instrumentalmente muito parecido com o Frevo de Rua, a grande diferença é que o Frevo Canção tem letra, dá pra cair no passo e cantar. As letras possuem temas variados não ficam presas apenas ao carnaval, são canções de amor, exaltação à cidade e por aí vai, um dos principais compositores desse gênero de Frevo foi Lourenço da Fonseca Barbosa, o popular Capiba. Sabe aqueles frevos que cantamos nas ladeiras de Olinda? Oh, Bela!; Frevo e Ciranda; Trombone de Prata e muitos outros bastante populares durante o carnaval, muitos são de Capiba. Aqui vai um exemplo de Frevo Canção: Trombone de Prata (Capiba) com Expedito Baracho.

Agora vamos ao Frevo de Bloco, ah o romântico Frevo de Bloco. Popularizado nos anos 50 quando o compositor e arranjador Nelson Ferreira reuniu várias composições antigas, resolveu fazer novos arranjos e gravá-las com orquestra de pau e corda (daqui a pouco explico o que é) e coral feminino, tornando populares frevos como Marcha da Folia (Raul Moraes). A orquestra de pau e corda junto com o coral feminino é o que diferencia o Frevo de Bloco dos outros tipos de frevo já citados, porque a orquestra é composta por instrumentos de cordas (violões de 6 e 7 cordas, banjos, cavaquinhos, violinos, bandolins) e alguns instrumentos de sopro (flautas, clarinetes, saxofones, bombardinos). O coral é mais um ingrediente que dá a beleza ao gênero, pois é formado apenas por mulheres o tornando ainda mais leve e romântico. As letras falam de amor, falam dos blocos líricos, dos antigos carnavais. Aqui vai um exemplo de Frevo de Bloco: Evocação nº1 (Nelson Ferreira) com o Coral Mocambinho na Folia.

por Morgana Narjara

Olá, mundo!

O programa O Tema é Frevo é o único do gênero em Pernambuco, dedicado a valorização e preservação do principal ritmo pernambucano. Idealizado pelo radialista Hugo Martins, em 1967 e desde então, levado ao ar ininterruptamente todos os sábados e domingos sempre pela Rádio Universitária, e atualmente o programa é retransmitido pela Rádio Nova FM em Fazenda Nova, Agreste de Pernambuco. A edição do sábado é dedicada a atender às solicitações dos ouvintes que enviam cartas, e-mails e mensagens solicitando os frevos de sua preferência. Já no domingo o programa tem várias séries: frevos diferentes; especiais com compositores; entrevistas; frevos com títulos iguais. E desde que o Frevo foi tornado Patrimônio Imaterial da Humanidade, em 2012, Hugo Martins apresenta um programa diário na Rádio Universitária FM, com a intenção de valorizar ainda mais a nossa música, o programa ‘Frevo Patrimônio Cultural da Humanidade’, vai ao ar de segunda à sexta das 11:00 às 11:30.